hoje o meu chá esta sem açúcar. já não incomoda o meu paladar. passara exatamente uma hora desde que sentei-me nesta cadeira, ou poderia ser quinze minutos. não sei. tudo tem a mesma feição e tamanho. o mesmo cheiro despejado até apodrecer. não vejo a luz do teu dia. não a vejo. mas também nao a desejo mais. é indiferente. como tudo ao meu redor, como o meu chá e o relógio quebrado estendido na parede. tudo está sem gosto e cor. meus olhos enxergam apenas cinza, ignorando todos os detalhes e cegando-me de qualquer beleza. da tua beleza. mas tambem não molesta a minha percepção. prefiro não ser percebido, ser um meio termo. não quero ganhar, perder, escolher. só esconder-me do meu proprio espaço. trocarei o dia pela noite e não abrirei mais a minha janela. eu não sinto o calor, nem mesmo o frio. a minha temperatura se estabilizou, sem se alterar, igual ao meu sofrimento. repouso sem qualquer sonoridade além do meu torpor, sem saber quem está passando na rua ou quem está ganhando as eleições. eu sei qual será o gosto do meu chá amanhã, então para que provar? eu desisto de abrir os meus olhos. desisto de procurar-te. eu desisto da vida. desisto das palavras e do significado de todas elas.
2 Comments:
Subscribe to:
Postar comentários (Atom)
=/